sábado, 26 de junho de 2010

“O Twitter precisa de um ‘manual de redação’”, diz especialista


Texto com informações super bacanas sobre mídias sociais e seus participantes, reprodução do IDG Now!
Segundo a professora de mídias sociais da ECA-USP Beth Saad, é impossível que jornalistas dissociem sua imagem do veículo para o qual trabalham na hora de usar o microblog.

Entre as muitas questões levantadas pelo episódio da demissão do jornalista Felipe Milanez, da revista National Geographic, na terça-feira (11/05), por causa das críticas feitas à Veja no Twitter, está a possibilidade ou não de dissociar a imagem do jornalista e a do veículo para o qual trabalha na hora de usar o microblog. E mais: qual a forma ideal do jornalista usar a ferramenta?

O IDG Now! conversou com Beth Saad, professora-titular de mídias sociais da ECA-USP. Ela defende a criação de um “manual de redação” para o Twitter, com parâmetros para o uso do microblog.

Qual a melhor maneira de o jornalista usar o Twitter?
Existe um conceito anterior ao Twitter: devemos levar em conta o rastro digital e o conceito de reputação. No caso dos jornalistas, que exercem o papel de formadores de opinião, de leitores da realidade, a responsabilidade aumenta. E, no que se refere ao uso do Twitter, a partir do momento em que usa o seu nome no microblog , ele não fica dissociado da empresa. A distância entre um e outro se dilui.

É possível um jornalista escrever livremente o que pensa no Twitter sem ficar associado ao veículo para o qual trabalha?
Só será possível separar o jornalista da empresa quando ele trabalhar de forma independente, como no caso do [Ricardo] Noblat, que é um bom exemplo: o nome vira o veículo. Enquanto a pessoa trabalhar para a grande imprensa, sempre haverá essa vinculação. Logo, o veículo precisa deixar claro que tudo o que o jornalista expressar no Twitter representa o pensamento da empresa.

O que a senhora pensa da demissão do jornalista Felipe Milanez, do Grupo Abril?
Acho que ele confundiu os papéis. Deveria ter analisado os códigos de conduta da empresa antes de fazer uma crítica daquelas, que foi pesada. Por outro lado, não sei se a Abril possui um conjunto de regras que indique como seus funcionários devam usar as redes sociais de forma a não prejudicar a empresa.

Então a demissão foi injusta?
Acho que foi uma medida drástica, caso a empresa não tenha uma política de uso de redes sociais para seus funcionários. Além disso, a imagem da Abril nas redes sociais ficou ruim, principalmente pelo fato de ela não ter essa política clara de uso. Talvez exigir uma retratação pública fosse melhor.

O excesso de objetividade do Twitter não torna seu uso uma medida arriscada para os jornalistas?
É possível usar a ferramenta com uma conduta apropriada. Eu mesma já cometi erros nas redes sociais. Na verdade, o melhor mesmo seria criar um “manual de redação” de modo a auxiliar todo mundo usar o microblog devidamente. E, jornalisticamente falando, ainda estamos em um processo de aprendizado de como escrever no Twitter de forma mais estruturada, encontrar uma identidade. Enquanto isso não acontece, usemos o bom senso, que já ajuda muito (risos).

A Reuters proibiu seus funcionários de terem conta no Twitter. É uma forma de se resguardar contra polêmicas?
Acho que foi radical. É preciso buscar um meio-termo nessas situações. O Twitter é uma excelente fonte de notícias, é impossível ignorá-lo. Veículos como o New York Times já perceberam que a relação do jornalista com o publico do Twitter enriquece o conteúdo. É preciso ter em mente que, mesmo em temas polêmicos, o microblog é apenas um meio para conduzir as discussões para outro canal, como um blog.

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