Ser criança

Embora seja uma internauta assídua, também gosto dos impressos. Hoje saí bem cedo para comprar jornais na banca. Obviamente que aproveito para apreciar o silêncio das vias, o ar que ainda se encontra agradável e não poluído pela urbanização e seu dióxido de carbono, e também o simples fato de caminhar, muito me agrada. Durante o percurso, avistei uma menina, creio que uns onze anos de idade, de mãos dadas com sua avó, vinham sorrindo pelo passeio, acompanhadas de um acessório, uma boneca com roupinhas cor-de-rosa e uma pequena manta proporcional ao tamanho do brinquedo que a menina segurava. Parece um comentário singelo, sem fundamento? Para mim não.
Essa imagem me fez retornar a infância. Atualmente, quase não se vê mais crianças brincando com bonecas, carrinhos, pipas, quase não se vê o sorveteiro, o tio que vende algodão doce. O que vejo é uma aceleração precoce do desenvolvimento infantil, e uma troca dos brinquedos, pelo computador, pelo vídeo game e celular. É fato que devemos acompanhar a evolução tecnológica, e não podemos deixar as crianças fora disso, porém, alguns valores do passado em minha opinião, poderiam permanecer e ser incentivados pelos pais. Além disso, outras coisas me passam pela cabeça, quando vi aquela criança feliz, com brinquedo, sorriso no rosto e sonhos no coração, lembrei de outras que não tiveram essas mesmas alegrias e oportunidades. E, infelizmente, são vários os motivos: pobreza, pais desempregados, crianças abandonadas, crianças abusadas e violentadas (Pedofilia), essas crianças, especialmente, lhe arrancaram a alma, a dignidade de viver, destruiram seus sonhos, e o que esses monstros pedófilos conseguiram, é tornar essa possível vida de sonhos, em um vale negro e sombrio de tristeza e traumas profundos, um trauma de difícil volta. Lamento leitores, essa sou eu, e não consigo esquecer esse outro lado da vida.
Lembro de uma frase que ouvi em um seminário da Presidente do conselho antidrogas, Irma Silvanete Soares:
“Não podemos viver em sociedade e ficarmos indiferentes a realidade.”