sábado, 12 de setembro de 2009

Aumenta a censura e a liberdade de expressão


Permitam-me um post contraditório e confuso, como os tempos atuais.(Permissão concedida!)
Como tinha que ser nesse final de ciclo, final dos tempos, a cobra morde o rabo. Assistimos à aceleração vertiginosa das liberdades individuais em sincronia com a volta da censura medieval e violenta. 
 
Políticos antigos ainda teimam em controlar a opinião pública com currais eletrônicos- maior parte deles, rádios e TVs recebidas de mão beijada na Era Sarney (aquela que nunca acaba). Ao mesmo tempo, uma molecada através de blogs os deixa nus diante de suas comunidades de carne e osso, que mesmo sem Lan-House, começam sentir o cabresto afrouxando no pescoço. Enquanto isso no ar-condicionado do Congresso Nacional, senadores com novos brinquedinhos como o twitter, deslumbrados e descuidados, aceleram fundo na maionese se jactando de sua retidão e ética. No instante seguinte, a mão pesada da realidade os obriga a desmentirem a si próprios e voltarem para casa com o rabinho enfiado entre as pernas.
 
Em São Paulo, um jornal moderno tenta revogar a lei da gravidade proibindo a divulgação de furo de reportagem via twitter ou blog! É como se diante da primeira linha de telégrafo, que ligou Washington a Baltimore em 1844 (como voaram esses quase 200 anos...), alguém tentasse conter o avanço das telecomunicações derrubando os postes e os cabos, obrigando mensageiros exaustos a não apear do cavalo e levar fisicamente a correspondência ao destino.
 
Falando em jornais, ontem, o Clarin, de Buenos Aires, foi invadido por 200 (duzentos!) fiscais da Receita Federal. O casal Kitchener declarou candidamente que a truculência não tinha nada a ver com o fato do jornal criticar o governo. Ou seja, a hipocrisia não é mais discretamente disfarçada, como antigamente. É exposta à luz do dia como carne no balcão do açougue.
 
Rubinho, a síntese da mediocridade- no sentido radicular da palavra, de ser soldadinho do pelotão intermediário na profissão dele- foi aos microfones dar uma lição de moral em Nelsinho Piquet, aquele que, como Rubinho, foi massa de manobra de seu chefe de equipe na Fórmula 1.
 
O ministro Carlos Minc subiu no palco de um show de reggae para incorporar um rapper (displacement, esquizofrenia, velhice?! ), rezou um discurso sobre base sonora do baticum jamaicano (video abaixo) abordando vários assuntos ao mesmo tempo. Veja bem, rapaziada do verde, sou rigorosamente a favor de toda a pauta elencada pelo ilustre ministro (descriminalização das drogas, defesa do meio-ambiente, contrário 'a censura, favorável 'a liberdade de expressão...) menos de uma coisa: da falta de rigor com que Minc usou o cargo de ministro para mexer a bunda em cima do palco. Nesse quesito, prefiro a postura de Ulisses Guimarães, aquele que acreditava que o poder requer liturgia. Elegância, meus caros, é uma palavra que para mim está acima de qualquer ideologia.
 
Enfim, amigos da Globo, vivemos tempos complexos, o que aumenta o meu otimismo. O discernimento vale ouro em pó. Cultivemo-no com disciplina, compaixão e humildade.
 
La lucha continua. Câmbio, desligo.

FONTE: Blog do Tas http://marcelotas.blog.uol.com.br/

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