Com a intenção de reparar injustiças históricas, o Brasil está indo na contramão da história. Os Estados Unidos já tentaram essa discriminação e viram que não leva a nada. Tal medida somente criou conflitos e trouxe consequências injustas para todos, tendo sido revertida na década de 70. Outro exemplo é o “Apartheid”, na África do Sul, que acabou em 1994, depois de muitas mortes, pois considerava uma raça superior a outra.

Mas vamos tratar, aqui, do assunto universidade. Uma Universidade tem como objetivo fundamental a ciência e o conhecimento, de uma forma mais profunda, para o crescimento científico e a melhoria de vida da humanidade. Quando colocamos que, para o ingresso em seu meio, o que importa é o compromisso social e não a capacidade intelectual e o conhecimento técnico e científico, estamos colocando o seu objetivo principal em um plano secundário.
O problema do não ingresso de negros, pardos, índios e jovens brancos vindos de escolas públicas na universidade tem sua raiz na própria educação, pois as mesmas têm deficiências estruturais em todos os sentidos. São deficiências físicas e humanas no trato da formação desses jovens. No Brasil, a educação básica, na escola pública, foi abandonada à sorte, sem o mínimo de investimento e valorização de seus professores nas últimas décadas. Agora estamos tentando resolver a questão de uma forma superficial, não atacando a fundo o problema.
A escola pública no Brasil tem que mudar, tem que ser melhorada. E essa mudança é urgente. No passado, ela era melhor que a escola privada. Agora o jovem que estuda em escola pública não consegue se preparar para entrar na universidade, pois o seu nível escolar é baixo. Como os discriminados já citados têm menor condição econômica, acabam estudando nela.
O sistema de cotas nas universidades que temos hoje no Brasil trata esses jovens com discriminação. Isso faz com que os mesmos, quando ingressam na universidade com notas inferiores aos dos alunos brancos, vindos de escolas particulares, sejam discriminados. E, o que é pior, o seu desempenho aquém do esperado acaba atrapalhando o andamento e o nível do curso.
Essa dívida histórica para com os cidadãos discriminados acima citados tem que ser paga sim. Mas esse pagamento deve ser feito de uma forma digna, e não da maneira como o problema está sendo tratado. Hoje eles estão sendo considerados como pessoas de segunda classe, desqualificados, sem possibilidades de competir em condição de igualdade com os brancos oriundos de escolas particulares. Não se pode esquecer que todos os brasileiros, independentemente de sua origem, têm condições de aprendizado iguais entre si. O que é diferente é a sua formação escolar. Somente com uma escola de boa qualidade para todos os brasileiros é que conseguiremos resolver isso. Com uma educação de qualidade para todos os brasileiros, não será necessário discriminar ninguém, o que irá aumentar ainda mais a inclusão social.
A nação deve pedir desculpas aos cidadãos afrodescendentes, pardos e índios, por fazê-los passar por mais essa humilhação, tentando resolver o pagamento dessa dívida de uma forma simplista e injusta para todos.
* Luiz Paulo Rover é empresário.
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